As populações do Norte e Nordeste são as que têm a pior avaliação sobre a qualidade da merenda oferecida nas escolas brasileiras. Enquanto na média nacional 59,5% acham que a qualidade dos alimentos servidos é boa, nessas duas regiões a maior parte avalia o serviço como regular: 39,7% no Norte e 47% no Nordeste.
Os números foram apresentados hoje (28) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a partir de 2.773 entrevistas realizadas em novembro. O objetivo foi captar a opinião da população sobre políticas e serviços públicos na área da educação. Menos de 43% acreditam que o impacto de programas de alimentação escolar sobre o desempenho dos alunos é bom ou muito bom e 17% acham que é ruim.
No Sul e no Centro-Oeste, mais de 70% dos entrevistados disseram que a qualidade dos alimentos oferecidos é boa. Sobre a quantidade dos alimentos, mais uma vez a pior avaliação foi feita pelos nortistas e nordestinos: 52,6% e 53,6%, respectivamente, consideraram “pouca” ou “muito pouca” a quantidade de comida ofertada. No Sul do país, esse percentual é inferior a 15%. Na média nacional, a maioria (67%) avalia como suficiente a quantidade servida nas escolas.
A oferta de merenda nas escolas é responsabilidade dos estados e municípios, com apoio do governo federal. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), do Ministério da Educação, repasse atualmente R$ 0,30 por aluno ao dia para custeio desse serviço. O restante deve ser complementado pelos governos estaduais e municipais.
O Ipea também avaliou a percepção sobre a distribuição de livros didáticos, ação desconhecida pela maior parte (68%) do público. Entre os quesitos conservação, conteúdo, quantidade e qualidade dos exemplares, a avaliação mais baixa foi em relação ao primeiro item: 49% consideram o estado de conservação dos livros ruim ou regular. As obras distribuídas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do MEC, são repostas após três anos de uso.
O Ipea também aponta o desconhecimento da sociedade em relação aos conselhos escolares, cuja função é acompanhar a gestão administrativa, financeira e pedagógica de uma unidade de ensino. Mais de 70% da população desconhecem a existência dessa instância, que deve ser composta por representantes de pais, estudantes, professores, servidores da escola e membros da comunidade local.
Além de ser maior entre as pessoas com mais de 55 anos, o desconhecimento também cresce entre a parcela da população de menor escolaridade. Entre os que frequentaram a escola apenas até a 4ª série do ensino fundamental, o percentual sobe para 82% dos entrevistados. Para os que estão entre a 5ª e a 8ª série do 1º grau, o percentual é de 70%. Já entre os que tem nível superior completo ou pós-graduação, apenas 51% dos entrevistados disseram desconhecer a existência e o papel dos conselhos.
“Justamente a parcela da população que deveria ter uma maior participação nos caminhos e na gestão da escola pública de forma a favorecer o desempenho dos alunos é justamente aquela que não tem este conhecimento”, afirmou o coordenador de Educação do Ipea, Paulo Corbucci.
Para o instituto, esse desconhecimento pode indicar, além do fato de que os pais – sobretudo os de menor poder aquisitivo – participam pouco da vida escolar de seus filhos; que há resistência de algumas escolas em criar, manter, fortalecer ou dar maior visibilidade e importância aos conselhos.
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